Ler livros acadêmicos costuma ser tarefa de especialistas, mas não é assim que tem que ser. Isso porque o livro é um espaço social comunitário. Qualquer pessoa letrada pode ler Platão ou Marie Curie, mesmo que não seja filósofa ou química. E não apenas por curiosidade, pois um professor que lê ciência, uma família que lê livros ou uma sociedade que valoriza a leitura, mais do que informadas, são pessoas que estão sempre perto de mudar as coisas, transformar vidas, deslocar modos de ver e de viver.
A editora Oficina Raquel oferece um catálogo cuidadoso com a formação de leitores e se destaca pelo diálogo entre Brasil e Portugal. Livros de tamanho acessível e coleções com ensaios de intervenção convivem com uma bibliografia especializada de referência. Além disso, livros organizados com diversos autores, quando são resultado de uma organização efetiva, são bons exemplos de como conhecimento não se produz sozinho.
Quando publiquei A mão, o olho: Uma interpretação da poesia contemporânea pela editora Oficina Raquel, percebi que lançar um livro significava ocupar um espaço que extrapola as livrarias. O evento de lançamento, o catálogo da editora, as leituras que serão feitas, tudo isso é fruto de uma parceria entre autores e editores, numa relação profissional atravessada pela paixão pelas letras e também pelo desafio que as pequenas editoras têm de se manter como empresas.
Uma editora não é apenas uma empresa, é um projeto cultural e, por ser um projeto cultural, imagina uma sociedade diferente. Posso dizer com alegria que as ideias sobre poesia e ensino de literatura que tenho compartilhado, como autor, com a editora Oficina Raquel participam de um projeto de cultura e sociedade que me interessa, um projeto marcado pela valorização da leitura, pelo diálogo cultural e pela democratização do livro.