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Conceição relê Clarice. “Se essa história não existe, passará a existir. (Clarice Lispector)”
Há quase 50 anos, Clarice Lispector publicou A hora da estrela, seu último e mais emblemático romance. Nascia então Macabéa, jovem nordestina, pobre e migrante, cuja vida era marcada por dores, silêncios e apagamento.
Agora, brota a Flor de Mulungu. Neste conto ilustrado, a premiada e incontornável voz da literatura brasileira contemporânea Conceição Evaristo revisita e dá novos contornos à Macabéa, em um manifesto literário que coloca a escrita como uma forma de fazer vingar a vida.
“A Flor de Mulungu não ia fenecer. Não. A posição fetal em que ela se encontrava era um indício de que uma nova vida se abria. Ela ia nascer por ela e com ela. Macabéa ia se parir. Flor de Mulungu tinha a potência da vida. Força motriz de um povo que resilientemente vai emoldurando o seu grito. ” – Conceição Evaristo
O olhar de Evaristo para esta personagem é realista, evoca a ancestralidade de Macabéa (e de todas as Macabéas que ali habitam) para costurar uma nova trajetória em que “Mulheres como Macabéa não morrem. Costumam ser porta-vozes de outras mulheres, iguais a elas”.
Conceição Evaristo é escritora. Ficcionista e ensaísta, é graduada em Letras pela ufrj, Mestra em Literatura Brasileira pela puc/Rio, Doutora em Literatura Comparada pela uff. Sua primeira publicação (1990) foi na série Cadernos Negros, do grupo Quilombhoje. Tem sete livros publicados, entre eles o vencedor do Jabuti, Olhos D’água (2015), cinco deles traduzidos para o inglês, o francês, o espanhol, o árabe e o eslovaco. Dentre outras láureas, recebeu o Prêmio do Governo de Minas Gerais pelo conjunto de sua obra; Prêmio Nicolás Guillén de Literatura pela Caribbean Philosophical Association; Prêmio Mestra das Periferias pelo Instituto Maria e João Aleixo e foi homenageada com a Ocupação Conceição Evaristo pelo Itaú Cultural. Em 2019, foi a escritora homenageada da Olimpíada de Língua Portuguesa pelo Itaú Social e homenageada pelo Prêmio Jabuti como personalidade literária. Em 2022, tomou posse da Cátedra Olavo Setúbal de Arte, Cultura e Ciência, na usp. Em 2023, recebeu o Prêmio Juca Pato e inaugurou a Casa Escrevivência, na Pequena África, no Centro do Rio de Janeiro. É mãe de Ainá, sua especial menina.
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