Frete Grátis a partir de R$ 200,00

A culpa é do diabo – Pré-venda – Envio a partir de 20/02

A culpa é do diabo – Pré-venda – Envio a partir de 20/02

R$68,90

Autor: Car

Formato: 14x21

Número de páginas: 290

ISBN: 978-85-9500-120-6

GTIN: 9788595001206

Consulte o frete e o prazo de entrega:

Sinopse

Em A Culpa é do Diabo, Carolina Rocha mergulha nas complexas relações entre religião, fé, cultura, política e crime nas favelas do Rio de Janeiro, oferecendo uma análise profunda das disputas que permeiam esses territórios. A autora, que entrelaça pesquisa acadêmica, experiência etnográfica e memória pessoal, revela como o cotidiano de diferentes grupos, imersos nos conflitos violentos urbanos, é marcado pela disputa de significados e territórios. Ao ouvir as histórias e memórias vividas nas periferias, Rocha desenha um cenário de violências e resistências, onde as tradições de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, são alvo de perseguições sistemáticas, enraizadas em um projeto colonial e racista que persiste até hoje.

Ao nos ofertar narrativas, olhares e sensações múltiplas diante da encruzilhada entre varejo de drogas ilícitas, igrejas evangélicas e as tradições afro-brasileiras, o livro revela as múltiplas camadas de uma realidade marcada por inúmeras negociações e disputas por poder, espaço e identidade. A autora destaca a interseção de elementos religiosos e políticos, apontando como as disputas territoriais e as violências são muitas vezes mobilizadas dentro de uma gramática religiosa, que reflete não apenas os conflitos locais, mas também as estruturas de poder mais amplas, envolvendo o Estado e as esferas econômicas capitalistas. O que ganha visibilidade, segundo a autora, é apenas a “ponta do iceberg”, escondendo interesses e dinâmicas mais complexas que moldam esse cenário.

Ao longo de sua obra, Rocha não só denuncia a violência sofrida pelos povos de terreiro, mas também celebra a resistência e a força cultural dessas comunidades. Os terreiros, enquanto espaços de acolhimento, cura, educação e reinvenção, são apresentados como territórios políticos, onde a memória ancestral é mantida viva e a luta pela dignidade é constante. A obra também confronta a narrativa midiática que simplifica a questão ao associar a violência aos terreiros às ações de “traficantes evangélicos”, mostrando que a criminalização das religiões afro-brasileiras é um reflexo das estruturas de poder e das dinâmicas de exclusão que operam historicamente na sociedade brasileira. E nos provoca: a quem interessa que pessoas negras, estejam no varejo de drogas, nas igrejas ou nos terreiros, se vejam como inimigas e disputem entre si?!

De certo essa não é uma relação de forças equivalentes, pois o terreiro continua sendo o lado mais perseguido e atacado. Entretanto, em cada página, Rocha nos emociona com a força e a sabedoria de mulheres negras, principalmente de axé, cujas histórias de luta e fé são um testemunho da sua imensa capacidade de articulação, negociação, mobilização política e acolhimento no seio de suas comunidades.

A Culpa é do Diabo é, assim, uma obra que vai muito além da crítica; mas propõe uma reflexão urgente sobre a necessidade de narrativas que valorizem o conhecimento ancestral afro-brasileiro. Ao resgatar a força das comunidades negras e seus modos de organização, a autora nos convida a enxergar a potência criadora e transformadora das encruzilhadas, onde fé, política e identidade se encontram e se reinventam.

Configura-se, assim, como um livro incontornável para todas as pessoas interessadas em se informar acerca das complexas (e contraditórias) relações estabelecidas entre religiosidades, violências e discursos opressores nas periferias das grandes cidades brasileiras do princípio do século XXI. Em última instância, este livro é uma oferenda àqueles que, mesmo diante das adversidades, continuam a fazer da fé uma ferramenta de existência, afeto e luta política.

 

 

Sobre autoria

Carolina Rocha é Dandara Suburbana e vice-e-versa. A escrita lhe possibilitou existência negra e reconhecimento ancestral desde criança. É mulher preta, de Xangô, sustentada pela magia da ancestralidade negra e forjada nas encruzilhadas. Militante antirracismo e educadora. Professora doutora, que é historiadora e também socióloga. Pós-doutoranda em educação pela UFV. Autora do livro “O Sabá do Sertão: feiticeiras, demônios e jesuítas no Piauí colonial” (Paco Editorial, 2015). Idealizadora do projeto Ataré Palavra Terapia, uma comunidade de incentivo à escrita criativa, política e terapêutica, focada em literatura negra feminina. 

Cadastre-se em nossa Newsletter