Você está pronto para começar esta conversa?
Mulher da vida – narrativas de um corpo político conta a história de alguns passados dolorosos, presentes potentes e futuros possíveis que Benny Briolly – mulher preta, trans e política – viveu, luta e sonha para construir. Neste livro, a autora, primeira travesti eleita parlamentar no Estado do Rio, aborda temas e vivências próprias de uma pessoa trans imersa numa estrutura social LGBTIfóbica: medos, anseios, alegrias, conquistas e enfrentamentos.
Durante o processo de publicação do projeto, aproveitamos para conversar com Benny e conhecer um pouco mais sobre suas muitas vidas. Confira!
Oficina: O que a motivou a contar sua história neste livro?
O que me motiva a contar minha história é me olhar no espelho e ver o mundo. Saber que existem muitas mulheres, pessoas LGBTs, pobres, negras, sem direito à vida. O direito mais simples é poder respirar, pensar, sentir a conexão do seu corpo com o mundo, mas isso não é real. Só vai acontecer se a gente entender a importância da luta histórica contra a marginalização, a opressão, a exclusão social e econômica.
Como foi revisitar diferentes momentos da vida ao longo do processo de criação da obra?
Na construção desse livro, olho pra trás e vejo: a vida foi feita para viver. Elis Regina cantou “viver é melhor que sonhar”. Eu cansei de ver corpos como o meu atrás da porta, se arrastando. Quando olho para a minha trajetória de vida, o mundo sempre me colocou atrás da porta. Mas a canção é libertadora, né?
Qual a importância da militância e da atuação política na defesa dos direitos das minorias?
Uma das coisas que mais me orgulha é saber que tenho uma vida que possibilita que outras pessoas tenham direito à vida. Um corpo trans, negro, luta sempre pela vida. E os direitos vêm como consequência. Quando você tem direito à vida, começa a buscar o direito e o exercício da cidadania. Aos haters, o recado é que um dia hei de conseguir acessar o espaço dessas pessoas para que compreendam que o real sentido da vida é o amor. Amor é respeito, esperança e solidariedade.
Qual mensagem você espera deixar aos leitores do livro?
A luta contra o racismo, a transfobia, o elitismo não é uma missão só de quem vive isso na pele. Esse livro propõe a reflexão intelectual do que é o corpo de uma mulher trans no Brasil. Esse corpo um dia se vê e diz: você é uma mulher da vida. O que é uma mulher da vida? É uma mulher que luta e vive. Por isso que eu me determino uma mulher da vida. A vida é um direito.
Conheça o livro no site da Oficina Raquel ou nas livrarias.