Vamos conversas sobre contos e crônicas…
Um clichê recorrente no universo literário é o de que ler é uma espécie de viagem sem sair do lugar. Aqui, na Oficina Raquel, até concordamos com essa frase feita. Afinal o que seria do mundo literário sem os clichês? O conto e a crônica fazem parte desse mundo de clichês da literatura, mas com um detalhe: são duas maneiras curtinhas de viajar. Sabe aquela viagem rápida, em estilo bate-e-volta na praia? Pois assim são esses dois gêneros.
Porém, apesar dessa semelhança, é bom não se confundir, pois o conto e a crônica não são gêmeos univitelinos no universo dos livros. Eles nos levam a viajar, mas cada um ao seu modo. Ao ler Gonçalo M. Tavares, em Bucareste-Budapeste: Budapeste-Bucareste ou Cidinha da Silva, em Oh, margem! Reinventa os rios!, esse deslocamentos por mundos literários diversos evidenciam contornos diferenciados.
Se o conto é uma fotográfica conceitual de um belo pôr do sol, a crônica se encaminha como um registro de um sábado de carnaval no meio de um bloco lotado. Ambos são como flashs de máquina, e suas fruições podem acontecer, por exemplo, durante os longos deslocamentos entre a casa e o trabalho, algo tão comum nas grandes cidades do Brasil e do mundo.
Nessa viagem do leitor, ele poder experimentar a pujante Cidinha da Silva ou a mágica narrativa de Gonçalo M. Tavares. Se quisermos fazer uma analogia astrológica, a crônica seria uma pisciana cheia de sonhos e o conto uma escorpiana que não deixa nada passar batido aos seus olhos.
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Cidinha da Silva é escritora, editora. Reconhecido nome da literatura brasileira de autoria negra, sua obra aborda, em profundidade, as experiências afrodiaspóricas e põe em destaque elementos constituintes da cultura e identidade africanas que moldaram a presença negra no Brasil.
Gonçalo Manuel de Albuquerque Tavares, mais conhecido na forma Gonçalo M. Tavares, é um escritor e professor universitário português, cuja primeira obra foi publicado em 2001.