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Ler e ensinar nesse futuro do presente

Sem que ninguém prevesse exatamente o que pudesse acontecer, nós, brasileiras e brasileiros, nos encontramos numa epidemia viral que rapidamente acirrou as desigualdades sociais e culturais. De repente, professores se viram trabalhando mais do que já trabalhavam, cumprindo suas cargas-horárias de aula enquanto aprendem a usar tecnologias de ensino a distância (EaD), numa situação emergencial na qual escolas-empresas lutam diariamente para não perder alunos, redes públicas de ensino contratam influencers digitais para substituir professores, e institutos federais de educação debatem a melhor maneira de atender seus estudantes sob o princípio da igualdade no acesso à educação. No meio disso tudo, parte das crianças e adolescentes passa a “ter aulas” em casa, ou seja, a receber materiais didáticos, e outra parte delas se encontra desassistida, seja pela falta de internet e aparelhos eletrônicos adequados, seja pela precaução das instituições em adotar às pressas práticas de EaD.

Como sempre, professoras e professores podem formar redes de solidariedade e de troca de experiências e conhecimentos como estratégia para aprimorar sua atuação. Embora as organizações institucionais, como associações e sindicatos, cumpram papel decisivo na sustentação das condições de trabalho na educação, as trocas de experiência promovidas pela formação acadêmica ou por diversos encontros de formação costumam proporcionar recursos e fomentar ideias que intervêm rapidamente na rotina de docentes. Por isso, as trocas de docentes para docentes podem encontrar teor solidário e transformar as maneiras como nos vemos e nos tornamos professores, coletivamente. Encontros por vídeos, como lives, entrevistas ou conferências, estão cumprindo esse papel, proporcionando trocas para além das fronteiras da cidade, pois nos deixam viajar para escutar colegas que estejam em qualquer lugar do país ou do planeta com acesso à internet. 

Uma das frases que se tornou lema no Brasil da pandemia foi aquela estampada na capa do livro mais recente de um dos nossos principais pensadores: “O amanhã não está à venda”. Ailton Krenak vem se tornando uma voz cada vez mais conhecida e disseminada na cultura, e sua trajetória está marcada pela luta pela inclusão das identidades indígenas na vida cultural e institucional brasileira. Sua fala e sua resistência propõem, no entanto, uma ética para qualquer um. Seu contar e seu pensar fundados na memória estão sempre preocupados com o futuro, e são conhecedores da violência e dos preconceitos que sofrem. É isso que um encontro entre educadores tem o poder de realizar, produzir matéria narrável a partir da escuta de vozes plurais e do debate com essas vozes educadoras brasileiras. 

Luiz Guilherme Barbosa

Luiz Guilherme Barbosa é professor de português e literaturas no Colégio Pedro II. Publicou as plaquetes de poemas Pacote de maldades (7letras, 2019) e Postagens e antipostagens (kza1, 2018), e o livro A mão, o olho: Uma interpretação da poesia contemporânea (Oficina Raquel, 2014).

Nos dias 1, 3 e 5 de junho, a Editora Oficina Raquel promove o Café do Educador, em parceria com Árvore e LabPub. O evento, que celebra o lançamento do livro Contos em sala de aula, escrito por diversas e diversos professores escritores, vai reunir online educadores e escritores provocados a pensar os desafios que o momento que atravessamos trazem para o dia a dia docente. O Café do Educador foi concebido por Raquel Menezes, Jorge Marques e Luiz Guilherme Barbosa, que publica no nosso blog essa reflexão sobre a importância dos encontros entre professores na atualidade.

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